Nos anos 2000, todo homem de respeito regularmente ligava a televisão pela manhã para assistir desenhos “de macho”, tais como “As Meninas Super Poderosas”, “Três Espiãs Demais” e “Clube das Winx”. Brincadeiras à parte, naquela década existia a tendência de fazer desenhos de ação protagonizados por personagens femininas. E eles eram genuinamente bons, ao contrário da “forçasão” de barra de hoje em dia.
O exemplo mais clássico talvez seja “As Meninas Super Poderosas”, série criada em 1998. Por mais que esta animação tenha começado no final dos anos 90, ela foi muito relevante nos anos 2000, tendo durado até 2005 (e ainda mais nas reprises do SBT). Para quem não se recorda, a série girava em torno de Florsinha, Lindinha, e Docinho, meninas criadas artificialmente pelo Professor Utônio. Devido a um erro deste, elas nasceram com super poderes, tendo que defender a cidade de Townsville contra as forças do mal (leia-se Macaco Louco). O desenho possuía muitos personagens marcantes, tais como os vilões “diferentosos”, o prefeito e sua secretária cujo rosto nunca era mostrado.
O rosto da secretária
Entre alguns dos momentos mais icônicos da série, se tem o episódio em que as meninas lutam contra um duende comunista...
Em outro episódio, os vilões se juntam e formam uma paródia dos Beatles, com direito a referências à capa de álbum mais conhecida da banda, e até à Yoko Ono.
Outro episódio, inclusive, “previu” o politicamente correto dos tempos atuais (cena abaixo).
O desenho fez um grande sucesso, gerando até um filme em 2002, o qual possuía um tom mais sério (e violento) em relação ao material original.
Além disso, as meninas superpoderosas eram presença garantida nos supermercados, estando presentes em garrafinhas de refrigerante (junto com outros personagens do Cartoon Network).
Em 2001, estreava pela primeira vez a série “Três Espiãs Demais”, sucesso da TV Globinho até ser duramente interrompido pela Fátima Bernardes. Era composta de episódios de 22 minutos que giravam em torno das espiãs Sam, Clover e Alex, as quais se envolviam em várias missões a mando de Jerry. Assim como o desenho anterior, esta animação gerou até um filme.
Em 2002, foi a vez do Disney Channel apostar em desenhos do tipo, entrando em cena a série “Kim Possible”, exibida pela TV Globinho. Contava a história de Kim, uma estudante comum, se não fosse pelo fato de enfrentar vilões nas horas vagas. A série trazia vários personagens icônico, tais como X. Seu sucesso gerou inclusive alguns “Disney DVDs”, com os mais marcantes sendo “Um Passeio no Tempo” e “Arquivos Secretos”.
Outro desenho desta leva foi “HiHiPuffAmiYumi Show” (podia ser só Amy e Yumi), uma animação do Cartoon Network estrelado pela banda AmiYumi, dupla de rock japonês que fazia sucesso em meados dos anos 2000. Se podia notar que elas estavam em alta mesmo, já que no Bom Dia & Cia você assistia um desenho baseado nelas, e logo em seguida “Jovens Titãs” com a abertura cantada pela banda. Isto nos leva a outra questão, como o Japão influenciou as animações americanas nos anos 2000.
Enfim, a série trata do quotidiano de Ami e Yumi, as quais entre um show e outro, enfrentam desafios muito realistas, como o faroeste e aquela vez em que a Ami largou tudo para entrar no circo. Este tipo de coisa me faz lembrar do desenho animado dos Beatles, em que eles enfrentam desafios que não tinham nada a ver com a banda ou mesmo com música. “HiHiPuffAmiYumi Show” ainda tinha como personagem importante o ganancioso empresário da dupla (será que ele autorizou esse desenho). Uma curiosidade interessante é o fato de que Ami e Yumi cantaram a abertura da série em todas as dublagens internacionais, inclusive em português (mesmo que o sotaque faça parecer espanhol).
No mesmo ano, estreava na Itália um desenho chamado “Clube das Winx”, o qual foi exibido no Brasil pelo SBT. Por algum motivo a música de abertura ficou famosa novamente entre os jovens, como uma espécie de piada.
Em 2005, o Cartoon (de novo) trouxe a série “A Vida e Aventuras de Juniper Lee”, um desenho que trata de Juniper Lee (é claro), uma estudante que luta contra monstros quando recebe o chamado, tendo em vista que ela é uma Te Xuan Ze, sucessora de sua avó. Junto dela, entram em cena o cachorro falante Monroe e RayRay, irmão da protagonista. A animação foi exibida no SBT no extinto Bom Dia & Cia.
O último de nossa lista é “Meninas Superpoderosas Geração Z”, animação de 2006 que é basicamente a versão anime do original. No Brasil, chegou em 2009 ao SBT.
Que Fim Levou
Desenhos de ação como um todo perderam força a partir de 2010 com uma nova leva de séries animadas sendo lançadas.
Nos anos recentes, desenhos de ação estrelados por personagens femininas até voltaram a aparecer, embora a maioria sejam apenas reboots inferiores ao produto original. E os que não são reinicializações, se tratam de séries sem alma e sem preocupação em realmente contar uma história.
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